sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Documentário Meus Negros, Minhas Negras

Olha só, sempre acontecem coisas inesperadas e muito prazerosas. Como oficineiro do Ponto de Cultura “Arte na Periferia” fui encumbido de roterizar e produzir um documentário sobre religiões africanas no sul, que demos provisóriamente o título “Meus negros, minhas negras” que confesso roubei do saudoso Deodé (rsrsrsrsrsrs). To ansioso pra poder passar um pouco da nossa visão africanista a comunidade daqui. Torçam pra que dê certo. Queremos tambem filmar em breve uma releitura do texto “Yemanjá quer falar contigo”. Bom quando se une trabalho e amores…no meu caso meu trabalho está retratando o amor religioso…

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Perguntas que não calam...

A prefeitura de Rio Grande e a imensa corja deles cederam a um canal de televisão evangélico um terreno sem nenhum custo para que se instalem aqui. Pois bem...vimos desapropiações de áreas públicas onde sem-tetos tentavam uma nova vida...vimos miséria e pouco caso por toda parte...vimos postos de saúde sucateados...vimos projetos sociais maravilhosos que não saem do papel por falta de verba! Tambem quero um terreno senhor Fabio Branco...tambem quero isenção de impostos...tambem quero morder esse bolo delicioso da libertinagem com a verba pública. Amanhã quando o ônibus atrasar...o posto não tiver médico...um exame clinico levar seis meses lembrem-se disso..viva os "shows da fé"...

A força das palavras

Somos uma religião oral, todo conhecimento passado, todo ensinamento, lingua, culinária, lendas, enfim tudo, são transmitidos oralmente...palavras! Nessa nossa experiência na rádio fm, seja no programa religioso como no secular, tenho pensado muito na força e ação devastadora das palavras. Muitas vezes não nos apercebemos como nossas palavras atingem os outros trazendo turbilhões de emoçãos e reações diferentes. Uma palavra, apenas uma, pode trazer sorrisos, lágrimas, frustração e principalmente levar a pensar, o exercício mais lindo do ser humano! Percebi que pessoas que nunca nos viram e talvez nunca nos verão tem encontros marcados com nossas palavras. Que as vezes somos o único laço com a realidade, com o conforto e a lucidez. Nós sacerdotes e iniciados deveriamos ter muito mais cuidado com nossas palavras...elas tomam cunho de sacralização...a mesma boca que diz "que meu Pai te abençoe" tambem lança maldições sobre o povo. Os africanos sempre conheceram esse poder tanto que algumas palavras eram impronunciáveis pelo seu poder. Existe um pequeno texto do talmude judeu que trata de como os judeus deveriam orar ao acordar... "que nesse dia que começa minhas palavras sejam doces como o mel. Como adubo caiam nos corações e deem frutos...". Quanto conhecimento perdido...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sindrome de perseguição

Um fenômeno tem me espantado nesses últimos anos entre os sacerdotes africanistas; É a sindrome da perseguição! Acabamos vendo inimigos e demandas em todos os lugares, em todas as visitas, em todos convites recebidos. Gosto muito de filmes, e os de guerra tem minha predileção, as vezes parece que os sacerdotes vivem um pós guerra hollywoodiano, daqueles que o ex-soldado treme com fogos de artifício e pensa nas explosões do campo de batalha. Vivemos tanto tempo em estado de alerta uns contra os outros que tememos a qualquer cumprimento, qualquer gesto de cordialidade. Que pena! Perdemos a noção mais pura, que é a de familia religiosa. Independente de nações, bacias, origens, diferenças de culto, somos irmãos de axé. O povo do axé já tão atacado por falsos moralistas, sectaristas sedentos de um messias cruel e punitivo, ataca-se com mais crueldade ainda que os ataques externos. Nos alegramos com as quedas e dissabores uns dos outros... Isso me lembra uma frase de um padre preso pelos nazistas "no inicio levaram os judeus, mas não eramos judeus e não protestamos...depois levaram os ciganos, mas não eramos ciganos e nos calamos, depois foi a vez dos homossexuais, mas nada fizemos..quando chegou nossa vez de sermos levados não tinha sobrado ninguem pra protestar por nós..."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Meu Testamento

Deixo por meio deste instrumento virtual os meus últimos desejos e disposições... Deixo aos meus filhos e filhas a doçura e o consolo dos Orixás, o amparo que nos Dão nas piores horas, e o peso de ser o melhor pra Eles a cada dia. Deixo as noites acordado na beira da mesa do Ifá, vendo desfilarem vida e morte diante dos olhos, deixo o telefone tocando de madrugada, as noites insones no quarto-de-santo. Deixo a alegria de ver nascer um Orixá e a tristeza de ver o pouco caso do filho. Deixo a tristeza das ingratidões e o mal-estar de ter que repreender a quem se ama. Deixo a agonia de ver os passos errados e não poder evita-los. Deixo a solidão quando tudo vai bem e te esquecem e a solidão quando tudo da errado e te abandonam. Deixo os axés de misericórdia arriados sem saberem e os axés de maledicência tornadas públicas. Deixo as dívidas da fé, e a fé duvidosa de quem te procura... Deixo as manhãs cinzas e as noites escuras...deixo o peso de não ter direitos e somente deveres... E meus filhos, quando se apossarem desse meu legado, talvez entendam o que é ser Pai-de-santo...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mais uma vez Zero Hora... :(

Parece que o grupo RBS decidiu vincular sempre dados errados sobre nosso culto e ou escolher pessoas erradas pra nos representar. Após episódios como as previsões de final de ano e a "santa pretinha" me deparei hoje com uma matéria no mínimo revoltante assinada por uma senhora sem o minimo conhecimento do que dissertava... O tópico era sobre liberdade religiosa mas no texto lemos coisas tipo "...sacrificios de cães e gatos...", "animais sacrificados sendo torturados..." entre outras sandices de alguem que não conhece nossos rituais e não sabe que não sacrificamos tais animais em nossos ritos, e as aves, cabritos, ovelhas e porcos sacrificados são feitos por sacerdotes que receberam conhecimento para que o sacrificio seja feito indolor e rápido, até porque o sofrimento do animal invalidaria o mesmo... Outra declaração ridicula foi "porque não doam a carne para ser consumida" ...se essa senhora tivesse ido a UMA festa de batuque veria que sempre foi consumida a carne imolada como parte do fundamento....homens e deuses comendo juntos...
Convido essa senhora alienada a visitar casas como a minha e talvez ela se liberte do fardo do preconceito e analfabetismo liturgico no tocante ao africanismo...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A roupa nova do Rei...

Sabem aquele conto infantil da roupa nova do rei? Onde os dois golpistas mentem pro Rei que fizeram uma roupa que só pode ser vista por pessoas inteligentes...e que um menino tem a coragem de gritar o que os sábios do reino não se atreveram ... O rei está nú!!! Pois é, vivemos em um mundo de grandes sábios, com seus conhecimentos dialéticos africanistas, suas aulas de história empírica. Um mundo de "grandes pais de santo" como se houvessem grandes pais de santo e a grandeza não fosse dos Orixás. Pais de santo com sua grandeza medida pelo número de filhos, pelo modelo do carro zerro, por onde passam as férias ou pelo número de elogios recebidos no orkut ou face book! Que falta faz a inocência de criança para gritar em alto e bom som que os Reis estão nús, expondo assim a nossa falta de personalidade e como viramos o popular "maria vai com as outras..."